"Ainda acha que a crítica musical em Portugal é uma merda?Sim. Será por isso que a crítica é tão unânime em relação aos Xutos? N tem outra hipótese." ZéPedro

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Provincianismo nos media

Por resposta a uma crítica arrasadora ao último álbum dos Delfins,Victor Silva disse o seguinte:
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Portugal é um país terrivelmente conservador e provinciano tendo o "vírus" cruzado sempre as gerações. Por exemplo os Xutos & Pontapés repetem a mesma fórmula há já décadas, aproveitando-se apenas uma ou duas faixas por cada cd novo que sai e nos espectáculos lá voltamos sempre ao "Remar Remar...". São reverenciados pela crítica e pelo público duma forma quase religiosa e parece tão "bem" dizer algo positivo deles como parece tão "mal" dizer algo negativo. Os artistas que arriscam durante as suas longas carreiras para evitar cair na estagnação, são "crucificados" porque agora já não "são assim" ou porque agora já não são "assado"...
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Não querendo estabelecer comparações (porque não sou fã de Delfins mas apenas um atento observador das suas carreiras assim como de muitos outros músicos e bandas portuguesas há algumas décadas) seriam muito difícil, e reduzindo o caso para a dimensão portuguesa, para nomes como David Bowie ou U2 terem aqui carreiras longas devido às mudanças de estilo que operaram nas mesmas. Por cá, o artista que arrisca só volta (ou começa) a ser Grande quando desaparece (por exemplo o António Variações quando estava vivo era detestado pela maior parte da crítica e pela grande maioria dos músicos do nosso meio que posteriormente à sua morte, que respectivamente ou teceram os maiores elogios à sua música ou reinterpretaram canções suas...).
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Voltando ao provincianismo dos media é curioso como colocam em ostracismo artistas (e existem muitos mais exemplos além de Delfins) passando a ideia para alguma opinião pública que os mesmos já não existem ou estão parados. Na realidade (o país real não é o que nos querem fazer crer...) quando olhamos as agendas de espectáculos e por comparação, verifica-se em muitas situações que em determinado ano de ostracismo efectuaram mais espectáculos do que num determinado ano de exposição mediática...
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O problema aqui é que os espectáculos não aconteceram em Lisboa, no Porto ou nalgum grande festival e portanto não interessam, assim não interessam os milhares de pessoas que assistiram aos mesmos pois são da "província". Voltando à mentalidade provinciana que caracteriza os nossos media e que impera disfarçadamente nos nossos meios urbanos, talvez não seja de todo alheio o facto que algumas posições chave sejam detidas por pessoas que "imigraram" do campo para virem estudar para as universidades, decidindo, acabados os cursos, ficar a viver na cidade.
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Adoptam uma postura exterior modernista e cosmopolita, mas no fundo a mentalidade camponesa não os abandonou. E essa mentalidade implica desprezar o seu espaço de origem tomando apenas como importante o que acontece no meio onde agora se movem: a cidade. Este problema existe não só na música mas também em toda a sociedade portuguesa nas suas várias vertentes. Veja-se as origens das duas pessoas que são neste momento os cabeças de cartaz do país (Trás-os-Montes, Algarve) ou de quem, no passado, nos governou por quase 50 anos...

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2 comentários:

Anónimo disse...
25 de junho de 2009 às 11:57  

quem é esse??

Esquadrão da Morte disse...
25 de junho de 2009 às 12:12  

Sim, quem é esse Victor Silva?