Moniz, Xutos, Tugas e mais umas coisinhas

Considerou há dias José Eduardo Moniz que "os portugueses têm medo de expressar as suas opiniões" sentindo-se moralmente constrangidas pelo seu distanciamento subserviente em relação ao estado acrescentaria eu. É absolutamente verdade que do tuga só se esperam duas coisas: que se vá pelo menos uma vez na vida ver os Xutos e Pontapés e esperar que o Estado faça alguma coisa para resolver os seus problemas. A realidade é que o português típico tem uma capacidade de antecipação muito fraca. Gosta de deixar para um amanhã que nunca chega, não gosta de pagar impostos e espera que o governo resolva todos os seus problemas.

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"Está calor! E o Governo não faz nada?" disse há dias Pedro Tochas com o astuto sentido de sociedade que nos habituou. "Políticos? São todos uns ladrões, não voto, não quero saber." Como mais simples é formar juízos em vez de procurar (já nem digo participar) afinidades nas propostas. "Trabalhar. Vai tu!" Dizem cerca de 80% dos beneficiários do fundo de desemprego.

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Pior do que saber que vamos mal é saber que iremos continuar mal pelos indícios estatísticos. Perdemos uma oportunidade geracional para inverter a situação. Isto entristece-me porque sei que o salto civilizacional foi adiado e que se a saúde os deixar os Xutos vão continuar a tocar por mais 10 anos e eu (nós) vou ter que os aturar até ao dia que um morra, eu morra ou emigre. Como não desejo maleitas de saúde a ninguém nem me apetece sair do meu país apenas posso emitir a minha opinião, livre que nem um pássaro em época migratória.

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Se aos Delfins bastaram duas piadas do Bruno Nogueira para deitar aquilo tudo abaixo porque não podemos nós legitimamente exigir o fim de uma banda. Se vocês, fãs de Xutos, exigem mais detritos orgânicos intestinalmente processados em forma de CD porque não posso eu, plenamente possuidor das minhas faculdades mentais, exigir o fim de uma banda sem sentido existencial que em vez de criar, reproduz; que me vez de entusiasmar, agrada.

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Não vivo eu num país livre onde se pode dizer tudo sobre tudo dentro da barreira da moral colectiva da sociedade? Mesmo que essa moral colectiva esteja podre pelos seus próprios vícios e gostos? Cabe na cabeça de algúem ouvir 8, 9, 19 vezes uma banda só porque toda a gente gosta? Que gentinha somos nós? Uma banda escreve uma música chamada Pensão e nós bajulamo-los com admiração e subserviência? Uma banda escreve autênticos atentados literários capazes de fazer saltar o outro olho ao Camões com a profundidade de um Cláudio Ramos e nós batemos palmas?

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Tenham vergonha!